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Isabelle (Chloe Moretz), que nunca assistiu um filme, ao lado de Hugo (Asa Butterfield). |
A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, EUA, 2011) é dirigido por Martin Scorsese, pela primeira vez, depois de 12 anos, sem DiCaprio no elenco. Ele mostrou o que todos já sabiam, que o ator não influenciava tanto em seus filmes, e fez, com certeza, uma das obras mais importantes da história do cinema. O diretor resgatou o estilo usado pelas animações clássicas, e fez um filme em 3D quase que animado de uma estética fortíssima.
O filme é uma adaptação da obra literária The Invention of Hugo Cabret, de Brian Selznick, que conta a história do jovem Hugo Cabret em busca de uma resposta sobre o falecimento de seu pai, que acabou o embarcando em uma aventura que reconstruiria a vida do criador do mundo do cinema.
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O Inspetor da Estação (Sacha Baron Cohen) e seu cachorro. |
A Invenção de Hugo Cabret pode não ser tão bom para alguns, mas para quem ama a sétima arte como eu - que passava o tempo lendo sobre o nascimento dessa, principalmente sobre o pai, Mèliés -, pode-se dizer que foi até nostálgico, viver em um tempo que você sonhava conhecer como realmente era. Foi isso que Scorsese fez com o espectador que ama tal arte sentir, foi um sentimento único, jamais transmitido na história do cinema. O diretor teve a oportunidade de contar a história jamais revelada. Ele deu valor ao que ninguém tinha dado tanto cinematograficamente.
É claro que, incomparavelmente, essa última obra de Scorsese, filmada no formato 3D, pode ser dita como a melhor obra já feita nesse formato. Com certeza, James Cameron tinha, incontestavelmente, dado uma grande experiência ao público com seu ótimo filme Avatar (Avatar, EUA, 2009), um filme odiado e aclamado por muitos, mas no caso de A Invenção de Hugo Cabret, Scorsese fez a obra em 3D que dificilmente será superada. Foi uma experiência única; uma obra de outro patamar, que não se pode, sequer, ser comparada a nenhuma outra, pois foi com esse filme, que se descobriu o fruto de tudo; o fruto de nossos sonhos.
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Hugo no grande relógio da cidade, onde dá corda neles para atualizar os cidadãos. |
O filme é de uma mágica incontestável. Martin Scorsese mostra ser um dos maiores diretores do cinema dirigindo uma história infantil magnífica que possui uma narrativa extremamente bem feita. A transformação que o personagem de Brian Selznick, Hugo, submeteu ao público da época é tão poderosa quanto a que Scorsese deu ao seu público, hoje. E a relação de consolo que Hugo criou entre ele e Mèliés só poderia ser bem narrada por Scorsese. A direção de Scorsese merece apenas aplausos, já que ele é, sem dúvidas, um dos poucos diretores americanos que mostram sua imaginação através de imagens, sem aquelas direções grosseiras e desequilibradas que muito vemos hoje. A sua direção é tão bem feita, que ele consegue fazer com seu elenco o que animadores fazem nos desenhos.
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Martin Scorsese dirigindo Ben Kingsley, que interpreta George Mèliés. |
Assim como David Fincher, Martin Scorsese trabalhou com a mesma equipe que sempre trabalhara desde filmes como Os Bons Companheiros (Goodfellas, EUA, 1990). Thelma Schoonmaker foi a responsável pela edição do filme que ficou simplesmente fantástica como em muitos filmes de Scorsese. Mas essa, certamente, foi uma de suas melhores, pois com o cenário enorme de Francesca Lo Schiavo, a grande fotografia de Robert Richardson, uma ótima equipe de Direção de Arte, e a trilha de Howard Shore, compositor da fantástica trilogia do Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, o que não faltou foram imagens e cenas ricas para recolocação. Esse foi o 3D mais importante do cinema, e me orgulho em saber que essa mágica inteiramente reformulada, custou 170 milhões de dólares.
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Ben Kingsley como George Mèliés (1864-1938), e o próprio à direita. |
Ben Kingsley pode não ter chamado tanta atenção com sua atuação, mas é fato que ele realmente estava inspirado interpretando o famoso diretor. Ele interpretou muito bem seu personagem George Mèliés, e muitos, como Manoel de Oliveira - diretor português que viveu na época e pôde ver o filme -, podem lembrar desse ícone que marcou a história dando início ao cinema. Kingsley teve de interpretar o personagem de uma forma meio que bipolar, pois a mudança do real George Mèliés demorou bastante. Mas no caso do filme, teve de ser feita de forma rápida, e como sempre, o ator deu o seu melhor. Como parte da dramatização de que todas as pessoas, apesar de algumas parecerem maldosas, têm no fundo um bom coração. E quem nos mostrou que isso era verdade foi ele, Mèliés, inventando a sétima arte.
George Mèliés, o pai do cinema:
Em 1895, no Le Grand Caffé, em Paris, França, os irmãos August e Louis Lumière faziam a primeira exibição cinematográfica em público, com a sua invenção: o cinematógrafo. As primeiras exibições do cinematógrafo foram de câmera parada, ou seja, ela era apoiada em uma mesa e apenas focava a cena a partir de um ponto, sem ser movida de forma gradual. No Café, fora exibido várias filmagens feitas com o cinematógrafo, uma delas, em especial, mecheu com a cabeça de muitas pessoas: fora a vinda de um trêm em direção à tela, que fez com que todos se assustassem por não conhecer o poder dessas imagems. Aliás, ninguém imaginava que essa exibição seria a fonte de nossos sonhos, onde podíamos vivê-los por um momento longe da sociedade hipócrita.No Café, estava o mágico George Mèliés, um homem feliz da vida que adorava o que fazia. Mèliés, no final da exibição, perguntou aos irmãos, criadores da misteriosa máquina, se eles podiam lhe emprestar um para usar como instrumento de entretenimento para o público. Os irmãos Lumière responderam que o cinematógrafo era um projeto mais voltado ao cientificismo, que tinha por objetivo gravar formas histórico-documentais. Mas eles estavam errados. Mèliés mostrou o porquê começando a filmar histórinhas curtas, com sua inteligência, baseadas em contos clássicos. Com isso, ele foi fazendo sucesso. Filmou mais de 500 películas, e em 1913, já com aproximadamente 553 títulos, decidiu parar de fazer a arte, que já estava por ser dominada pelo capitalismo.
Quando as peças de Mèliés do Museu foram doadas à um bom lar que cuidasse delas, o pai do jovem garoto Hugo Cabret teria conseguido algumas invenções do mestre, que, nessa época, trabalhava em uma loja de conserto. O pai do garoto teria conseguido um Autômato, uma espécie maquineísta de rôbo criada por Mèliés. O pai da sétima arte usava ele para gravar suas imaginações artísticas.
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Isabelle, filha de George Mèliés, que ajuda Hugo em sua busca. |
Depois da morte de seu pai, por volta de 1930, a única coisa que sobrou para Hugo fora o autômato. Hugo, então irá em busca do que acha ser uma mensagem de seu pai, a partir dessa máquina, jamais consertada depois de quebrada. E em uma aventura nostálgica para quem ama e entrega parte da vida a arte, o diretor Scorsese narra, ao estilo de fábulas e contos, a aventura vivida por esse jovem garoto. Uma aventura que mostra o importante valor do cinema no mundo em que vivemos. Certamente, muitos podem, ou melhor, podiam não saber, antes de ver esse filme. Mas é certo que a sociedade necessita da sétima arte, e a mesma precisa da sociedade para entrar em harmonia.
Um daqueles filmes que presta um serviço ao cinema, fazendo com que os fãs da sétima Arte como nós se emocionem, e também com aqueles que desconhecem este tempo áureo fique curioso e tenha um conhecimento mais vasto. Eu mesmo não conhecia sobre Meliés e fiquei maravilhado.
ResponderExcluirQual e o nome do filme q hugo e izabelle assisti?
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